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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sócrates e Platão: Precursores do Espiritismo
Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Contexto Histórico. 3. Biografia: 3.1. Sócrates; 3.2. Platão. 4. Princípios Comparados (Doutrina): 4.1. Deus; 4.2. Alma; 4.3. Reencarnação. 5. Princípios Comparados (Moral): 5.1. Justiça; 5.2. Riqueza; 5.3. Máximas. 6. Codificação do Espiritismo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo central deste estudo é mostrar que a idéia espírita é tão velha quanto o próprio tempo. Já na Antigüidade podemos perceber o clarão dessas verdades eternas. Perguntaríamos: quem foi Sócrates? E Platão? Em que as idéias de Sócrates e Platão se assemelham às do Espiritismo?

2. CONTEXTO HISTÓRICO

A religião empresta as primeiras explicações a respeito da criação do homem e do cosmos: é clássico o relato bíblico sobre Adão e Eva, o primeiro casal a habitar a Terra. A China milenar, com sua filosofia de vida, discute normas de comportamento: no taoísmo há diversas noções sobre a arte de viver. A Grécia, palco da filosofia, elabora o pensamento: o logo e o ratio estão sempre em ação.

Antes de Sócrates, as indagações dos primeiros filósofos referem-se ao Cosmo. Questiona-se se o elemento primordial da vida é água, o ar, o fogo ou a Terra. A vinda de Sócrates muda o eixo da filosofia: o homem volta-se para dentro de si mesmo, através da maiêutica, do conhecimento de si mesmo.

Platão, discípulo de Sócrates, dá continuidade ao método socrático, aperfeiçoando-o. Depois de Platão surgiu Aristóteles. E assim poderíamos ir arrolando os diversos filósofos até chegarmos à época atual.

3. BIOGRAFIA

3.1. SÓCRATES

Nascimento/morte:
(470/399 a. C.)

Filiação:
mãe – Fenarete (parteira)
pai – Sofronisco (escultor)

Profissão:
(escultor?)

Vida familiar:
desposou Xantipa – três filhos (?)

Vida política:
tomou parte em três campanhas militares.

Caráter:
paciência, simplicidade e domínio de si próprio a toda a prova.

Ensinamento:
Ágora (praça pública) – missão divina de educar – daimon

Filosofia:
“Conhece-te a ti próprio”, apoiado pela maiêutica.


3.2. PLATÃO

Nascimento/morte:
(427/347 a C.)

Filiação:
pai: Ariston
mãe Perictione
pertencia a uma das mais nobres famílias atenienses

Nome:
Aristocles, mas devido a sua constituição física, recebeu o apelido de Platão, que em grego significa de ombros largos.

Trajeto:
discípulo de Sócrates. Depois da morte de seu mestre, empreendeu várias viagens. Retornou a Atenas, em 387 a. C., e fundou a Acadêmia.

Filosofia:
teoria das idéias, ou como se desenvolve o conhecimento.

Obras escritas:
A República, As Leis, O Político.


4. PRINCÍPIOS COMPARADOS (DOUTRINA)

4.1. DEUS

Para Sócrates, Deus é uma inteligência onipresente, onisciente, onipotente, absolutamente invisível ao homem. Deriva a prova da existência de Deus da finalidade do mundo. A ordem cósmica (o providencial de acontecer) é obra de um Espírito inteligente e não do acaso.

Para o Espiritismo, Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas a coisas. Seus atributos são: eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso e soberanamente justo e bom. Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da sua Criação. Não há efeito sem causa. Se o efeito é inteligente a causa também o é.

4.2. ALMA

Para Sócrates, a alma participa da natureza divina e é dada por Deus ao homem; a vida não depende do corpo, depende da alma; através da união da alma ao corpo, a alma se macula, e só reconquista sua pureza pela libertação do corpo.
Para Platão o homem é a união da alma e do corpo. A alma é a essência do corpo, e tem a natureza das idéias. Alma é o princípio do movimento e da vida, portanto imortal.
Classifica-a em:
Alma racional – alma-cabeça;
Alma passional – alma-peito;
Alma apetitiva – alma-ventre.

Para o Espiritismo, a alma é o Espírito encarnado. Para progredir no mundo material, une-se ao princípio vito-material do gérmen, e sofre todas as limitações que a matéria impõe ao Espírito imortal.

4.3. REENCARNAÇÃO

Para Platão, se a alma, quando penetra o corpo, não busca manter sua pureza, quando morre o corpo, não retornará ao mundo das idéias, mas estará sujeita à transmigração para outro corpo de homem ou animal (metempsicose), segundo as predileções que tenha manifestado.

Para o Espiritismo, a alma, quando não atinge sua evolução espiritual completa, entra no mundo espiritual denominado de erraticidade, e espera por uma nova oportunidade de voltar a este mundo. A reencarnação num corpo material é uma conseqüência da impureza da alma.

5. PRINCÍPIOS COMPARADOS (MORAL)

5.1. JUSTIÇA

Sócrates e Platão tratam constantemente da purificação da alma.
Platão nos diz que para cada parte da alma há uma virtude:
Alma racional – sabedoria;
Alma passional – coragem, fortaleza;
Alma apetitiva – temperança.
A justiça engloba todos esses tipos de alma – requisitos essenciais para a harmonia do ser e, por conseguinte, para a felicidade. Quem pratica uma injustiça deve ser punido e a pena, a expiação, é a purificação (catharsis), ou seja, a libertação do mal anterior.

Para o Espiritismo, a Lei de Amor, Justiça e Caridade é a mais importante das leis naturais, porque resume todas as demais e dá-lhe suporte. O Código da Vida Futura segundo o Espiritismo pode ser resumido em: arrepender-se, sofrer e reparar o mal (injustiça).

5.2. RIQUEZA

Para Sócrates e Platão, a riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza não ama nem a si, nem o que está em si. O apego aos bens materiais é perda da alma.

Para o Espiritismo, a riqueza é uma prova mais difícil do que a pobreza, porque pode provocar o apego aos bens materiais, e dificultar o acesso aos bens espirituais.

5.3. MÁXIMAS

Sócrates e Platão: “É pelos frutos que se reconhece a árvore”.
Espiritismo: encontra-se textualmente repetida nos Evangelhos;

Sócrates e Platão: “A virtude não se pode ensinar; ela vem por um dom de Deus àqueles que a possuem”.
Espiritismo: evoca os esforços para conquistá-la.

Sócrates e Platão: “É uma disposição natural, em cada um de nós, aperceber-se bem menos dos nossos defeitos que dos de outrem”.
Espiritismo: o Evangelho diz: “Vedes o argueiro no olho do vosso vizinho, e não vedes a trave que está no vosso”.

6. CODIFICAÇÃO DO ESPIRITISMO

Sócrates, quando ensina nas praças públicas, lança as sementes da maioridade terrestre, o formoso ideal da fraternidade e da prática do bem.
Jesus, cinco séculos depois, vem ensinar o “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Depois de Jesus tivemos os contributos de São Francisco de Assis, Santo Agostinho, Descartes, Kant, Espinosa, Barret, Crookes e outros.
Em 31 de março de 1848 originou-se um marco importante na história do Espiritismo: o Fenômeno de Hydesville.
Em 18/04/1857, com o lançamento de O Livro dos Espíritos, Kardec fornece ao mundo o embrião da Doutrina dos Espíritos.
Nos 145 anos que se sucederam à codificação, muitas obras espíritas vieram à luz para elucidar os vários aspectos da Doutrina.
Esses pensadores e médiuns espíritas não só complementaram obra magnífica de Allan Kardec como também procuraram divulgá-la mais de acordo com as necessidades de compreensão dos homens da atualidade.

7. CONCLUSÃO

Uma idéia não vem à tona de uma hora para a outra. É preciso preparar os ânimos. Vimos que a idéia espírita já fora veiculada por várias personalidades. Chegara o momento em que tudo o que estava velado deveria vir à luz. É nesse momento que surge Allan kardec para nos organizar o edifício da fé cristã, corroída pelo dogmatismo religioso.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRUN, J. Sócrates. Lisboa, Dom Quixote, 1960. (Coleção Mestres do Passado, n.º 9).
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

São Paulo, setembro de 1995

fonte: http://www.ceismael.com.br/filosofia/socrates-platao-precursores-espiritismo.htm

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